Porque considero Ayrton Senna o melhor de sempre
Como escrevi no artigo anterior, comecei a ver Fórmula 1 (F1) com 4 anos, em 1984, tendo umas memórias fugazes. Por isso, só vou escrever, a partir do ano em que me lembro de assistir aos Grandes Prémios (GP), que foi em 1986.

Tive e tenho a sorte, de ter visto (e ver) ao vivo a competir Grandes Pilotos e Campeões, tais como, Niki Lauda, Alain Prost, Keke Rosberg, Nélson Piquet, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Michael Schumacher, Mika Hakkinen, Kimi Raikkonen, Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton.

Também tive a fortuna de ver ao vivo e a cores excelentes pilotos, vencedores de corridas, com muitos pódios, muita raça e determinação, como por exemplo Gerhard Berger, Riccardo Patrese, Eddie Irvine, Rubens Barrichello, Mark Webber e Felipe Massa (este, só coloco nesta categoria, porque depois do acidente com a mola na cabeça na Hungria, nunca mais foi o mesmo, passando a ser um bom escudeiro de Alonso na Ferrari, teve ainda alguns rasgos do velho Massa na Williams, mas sempre numa posição secundária).

Porque é que então coloco Senna como o nº1 ? O brasileiro estreou-se na Toleman (depois Benetton, Renault, Lotus e Renault novamente) em 1984. A equipa era equivalente à Alpha Tauri de hoje em dia. Ayrton, logo na 2ª corrida da época pontuou e na altura só havia pontos para os 6 primeiros.

Em Monte Carlo, só não venceu porque quando alcançava Alain Prost, no todo conquistador McLaren TAG-Porsche, a prova foi polemicamente interrompida, terminando Senna em 2º. Mas quem ficou a perder e muito no fim foi o francês, pois como o GP foi interrompido com menos de metade da corrida completada, foram atribuídos metade dos pontos e no final perdeu o título para Lauda, por meio ponto…

Mas voltando ao tricampeão brasileiro, depois da brilhante prova no Mónaco, Senna conquistou ainda mais top 6 e outros 2 pódios, em Brands-Hatch e no Estoril, na última prova do campeonato, partilhando o pódio com 2 gigantes da F1, o tricampeão Lauda e o futuro tetracampeão Prost.
Em 1985 vai para a Lotus. A Lotus pode ser considerada uma Racing Point dos dias de hoje, mas com péssima fiabilidade. Um carro que podia vencer aqui e ali e Senna venceu por duas vezes, quando podia e devia ter vencido por outras 5, não fosse a falta de fiabilidade do seu lindo Lotus-Renault preto e dourado, mas quando as avarias diminuíram, ainda conseguiu vários pódios.

Nesse ano, começou também a ser considerado o rei das poles e da chuva, com a sua primeira vitória sob chuva torrencial no Estoril e outro 1º lugar, com chuva na 1a metade e a secar na 2a parte da corrida em Spa. Também foi quem mais pole positions conseguiu nesse ano, uma prática que se transportou para o ano seguinte e que se tornou um clássico, até ao fim prematuro da sua carreira. Foi 4º no final do campeonato.

Em 1986, mais duas vitórias, em Espanha e Detroit, com a 1ª posição final em Jerez a ser conseguida a ferros, com uma vantagem de milésimas para o todo poderoso Williams-Honda de Nigel Mansell. Nesse ano, a Williams era o melhor carro, seguido pela McLaren e só depois a Lotus.

Senna uma vez mais foi o Senhor Pole Position, o carro melhorou muito em fiabilidade, mas em corrida não tinha tanta rapidez como o pouco fiável Lotus do ano anterior. Mesmo assim, lutou pelo título até à antepenúltima corrida do ano no Estoril, em que ficou em 4º, quando deveria ter terminado em 2º, mas ficou sem gasolina na última volta.
Em 1987, ainda na Lotus, mas desta vez com motores Honda, o carro era o segundo melhor do pelotão, à frente da McLaren, era fiável, mas muito pesado e menos rápido (em relação aos 2 anos anteriores), sobretudo em qualificação (Senna só conseguiu uma pole), mas também em corrida e a léguas dos Williams-Honda daquele ano. Os carros pilotados por Mansell e Piquet (que foi o campeão em 1987), podiam ser considerados na época os Mercedes de hoje.
Mesmo assim, 2 vitórias para Senna, uma delas simbólica, pois foi no Mónaco, marcado o início de 6 triunfos em Monte Carlo, recorde ainda hoje. O outro triunfo foi novamente em Detroit, outro recorde, pois venceu na Motor City de 1986 a 1988. Começava também a mostrar-se como um dos melhores, se não o melhor, em circuitos citadinos.

No ano seguinte, vai para a imbatível McLaren-Honda. E quem teve como colega de equipa da primeira vez que tem um carro para ser campeão? Nada mais, nada menos, que o então bicampeão do mundo, considerado quase unanimemente o melhor piloto da época, o francês Alain Prost. Para além disso, o gaulês estava na McLaren desde 1984, era a sua equipa, dava-se tão bem com Ron Dennis, que chegou a pensar tornar-se sócio da mesma.

Mas Senna não teve qualquer medo, pelo contrário. Ele queria mostrar que era melhor que Prost, no mesmo carro. Queria ir à luta. Ao duelo. E foi isso que aconteceu. Num ano ainda mais dominador que os Mercedes são em média hoje em dia, Ayrton e Alain fizeram das qualificações e as corridas o seu quintal.
Senna com 8 e Prost com 7 vitórias, venceram 15 das 16 corridas de 1988. Numa corrida memorável em Suzuka, o brasileiro caiu da pole para 14º no arranque, por ter deixado o motor ir abaixo. Com o francês em carro igual e longe na liderança, Ayrton impôs um ritmo alucinado e foi galgando posições atrás de posições, até alcançar Prost e ultrapassá-lo limpinho, pela vitória e pelo (1º) título.

Duas situações a destacar de 1988, quanto a Senna ser um perigo e Prost um anjo. No GP de Portugal, Ayrton foi (e bem) acusado de ter jogado o seu carro contra Alain, encostando-o ao muro das boxes a mais de 300kph. Um perigo sem dúvida. Mas no primeiro de dois arranques dessa corrida, o francês atirou o brasileiro para a relva. Isso NUNCA é mencionado.

No ano seguinte, a dominação foi quase igual a 1988, mas em mais uma situação em que a história é muito mal contada, que Prost foi melhor que Senna em 1989, Ayrton teve, entre outros, 5 abandonos nessa temporada, TODOS por problemas mecânicos, quando liderava em 4 deles confortavelmente e Prost apenas por uma vez desistiu por avaria.

Foi ainda posto fora de prova, por um já desclassificado Nigel Mansell no Estoril (não estou a dizer, aliás nem acredito por um segundo, que o inglês tenha posto fora Senna de propósito, já sabendo que estava desclassificado). E também Ayrton, já sabendo que Nigel estava fora de prova, deveria tê-lo deixado passar.

De novo em Suzuka para a decisão do título, novamente com Prost a arrancar melhor que Senna (mas desta vez o brasileiro “só” caiu para 2º), o francês antes da corrida, tirou um bocado de asa traseira sem Ayrton e os seus mecânicos darem por isso. Tinha mais velocidade de ponta e com o excelente chassis que tinha em mãos, estava com um ótimo acerto.
Na 1ª metade da corrida Prost dominou, com Senna sem conseguir responder, mas na segunda parte, Ayrton imprimiu um ritmo de modo de ataque total, pois para poder sonhar ser novamente campeão, tinha de vencer no Japão e na corrida seguinte na Austrália.

Tirando a vantagem de Prost, volta após volta, num ritmo alucinante dos dois, Senna alcança o gaulês e já percebendo que o francês tinha maior velocidade de ponta na reta, o brasileiro sabia que era na chicane, antes da reta da meta, que tinha de fazer a ultrapassagem.
E vendo a aberta que Prost deixou para Senna (na minha opinião o francês deixou-a de propósito), Ayrton trava muito mais tarde que Alain, mete o carro por dentro, está lado a lado com o francês, se o gaulês virasse o volante iriam bater e foi o que o Prost fez, jogando o carro para cima de Senna, quando já sabia que estava batido e com Ayrton e o próprio abandonado, Alain era automaticamente campeão.

Até dou de barato a desclassificação de Senna a seguir, por ter voltado à pista empurrado pelos comissários. Apesar de o motivo oficial não ter sido esse, mas sim ter voltado à pista sem cumprir a distância total do circuito, ou seja, foi pela chicane que retornou à pista e venceu a prova. Por último, sobre 1989, este foi o último ano em que Senna teve um carro dominador perante os demais.
Em 1990, foi dos anos mais equilibrados na F1. 6 vencedores diferentes, mas uma vez mais foi Senna vs Prost pelo título e a decisão uma vez mais em Suzuka. Neste ano, a Ferrari tinha o melhor chassis, a Mclaren-Honda o melhor motor, mas claramente a McLaren já não era a toda poderosa de outrora.
Numa decisão totalmente incompreensível, o francês Jean Marie Balestre, presidente da FISA (na altura o braço desportivo da FIA) e a direção de prova, mudaram o lugar do pole sitter, da zona limpa da pista (a zona com mais borracha e por conseguinte mais aderência), para a zona suja da pista (onde os carros passam menos vezes e tem menos grip).
Senna, lamentavelmente, disse a Berger, seu grande amigo e colega de equipa, que arrancava atrás dele, “prepara-te pois vais ver um grande show”. Ele disse igualmente que se não fizesse a 1ª curva na frente de Prost, “que ficavam lá os dois”.
Tal como se previa, Alain arrancou melhor que Ayrton, o brasileiro não travou e manteve o pedal do acelerador a fundo na curva 1 de Suzuka, jogando o carro para cima do francês ficando lá os dois e com isso, 2º título da carreira para Senna.

Senna quis vingar-se de 1989, de Prost e de Jean-Marie Balestre, que considerava que ambos estavam em conluio, que já o tinham “lixado” em 1989, voltaram a tentar fazê-lo precisamente um ano depois, com a questão da mudança do lugar da pole e assim sendo, o brasileiro “meteu Prost e Balestre” de fora na primeira curva de Suzuka.
Aqui faço a maior crítica ao meu ídolo, foi simplesmente triste e muito perigoso o que Senna fez, pôs a segurança dele, de Prost e todo o pelotão em risco, pois o acidente foi na curva 1 de Suzuka, após o arranque, com todos os carros ainda muito juntos. Mas aconteceu, infelizmente, para o currículo de Ayrton, mas felizmente sem consequências para nenhum piloto.
Em 1991, a McLaren tecnicamente foi ficando mais para trás, desta vez claramente à frente da Ferrari, mas crescentemente inferior à Williams-Renault, que só não foram campeões nesse ano, devido à arte e engenho de Senna, da falta de fiabilidade do seu próprio carro e erros dos seus pilotos, Mansell e Patrese.

Foi um ano que parecia que iria ser fácil para Senna, com 4 vitórias consecutivas a abrir a temporada. A partir da 5ª prova no Canadá, até à 10ª na Hungria, Ayrton e a McLaren não venceram, indo todas as vitórias, menos uma (última da carreira de Piquet no Canadá), para a Williams e sobretudo para Mansell.
Na Hungria Senna venceu completamente no braço, conseguindo uma muito valiosa pole e depois batendo Patrese na 1ª cruva, momento decisivo para manter a liderança e suster os vários ataques de Patrese e Mansell durante a prova.
Na Bélgica, mais uma pole arrancada a custo, mas na corrida, numa pista com um 2º e 3º sectores sobretudo de chassis, Senna acabou por ser ultrapassado por Mansell, mas o inglês abandonou por problemas mecânicos e o brasileiro venceu.
Em Itália, num duelo maravilhoso pela vitória, envolvendo Senna, Mansell e Patrese, Ayrton foi segundo e o inglês venceu.
Em Portugal, em mais um erro de Mansell e da equipa na paragem para troca de pneus, o inglês perdeu muito tempo nas boxes, quando era líder e a caminho da vitória, foi desclassificado por procedimento errado no pitlane (tal como em 1989, mas na altura na Ferrari) Senna foi 2º, abrindo aí uma vantagem decisiva para as contas do título.
Em Espanha, fez a sua corrida mais fraca do ano, terminando em 5º e Mansell vencendo. Novamente em Suzuka para a decisão do título, o britânico perdeu o controlo do carro perseguindo Senna na curva 1, ficou atascado na escapatória de gravilha e foi game set and match para Ayrton, tornando-se tricampeão.

Numa época em que não tinha de todo o melhor equipamento, que foi muito mais braço que carro para conquistar o seu 3º título, infelizmente foi a última vez na sua tragicamente encurtada carreira, que teve material para pelo menos lutar pelo ceptro mundial.

Em 1992 e 1993, definitivamente a McLaren ficou para trás, tanto da imbatível Williams, bem como da Benetton-Ford, com uma tal de jovem promessa, chamada Michael Schumacher…
O ano de 1992, Senna apenas por 3 vezes venceu, uma delas uma vez mais no Mónaco, num duelo contra o campeão desse ano, Nigel Mansell em Williams, num final eletrizante, emocionante, de nos fazer levantar da cadeira ou do sofá.

Mas foi um ano para esquecer. Senna foi 4º no mundial, também a sua motivação caiu bastante depois de anos a fio a ter equipamento para lutar pelo título, mas mesmo assim mostrou o porquê de ser a referência.
Mas quem sobressaiu mais em 1992, como um futuro campeão em formação, foi o jovem Michael Schumacher, que conquistou a 1ª das suas 91ª vitórias, em Spa, em condições climatéricas instáveis, “à lá Senna”.
Em 1993, agora em McLaren-Ford, Senna venceu por 5 vezes, com vitórias memoráveis como no Brasil, em Donnington, em que fez a considerada melhor primeira volta de sempre de um piloto, a Golden Lap, com direito a uma escultura e tudo. Uma vez mais também venceu no Mónaco, pela 6ª e última vez na carreira, mas mantendo até o dia de hoje esse recorde.

Depois de um início de campeonato surpreendentemente vencedor e liderando o mesmo após 5 corridas, Prost “no carro do outro planeta” como Ayrton chamava ao Williams-Renault, partiu definitivamente para o título e a McLaren ficou a léguas da Williams, bem como atrás da Benetton.
Vimos, neste período, umas lutas fantásticas entre Senna e Schumacher, num prelúdio do que poderia ter sido 1994 e nos anos seguintes. Chocaram de frente algumas vezes, mas ambos eram muito parecidos na forma de pilotar, de conseguir porem uma equipa à sua volta, destruírem os colegas de equipa.

Mas com a grande diferença de Schumacher ter sempre tido colegas de equipa manifestamente mais fracos que ele, enquanto que Senna, teve logo no seu segundo de carreira, o rápido, regular, talentoso e vencedor de corridas Elio di Angelis e depois em 1988 e 1989, um tal de Alain Prost…
Senna faz então o seu último na McLaren, termina em 2º o campeonato, vencendo as duas últimas corridas do ano, em Suzuka e Adelaide. 5 vitórias, contra apenas uma de Schumacher, num carro em que durante boa parte da época era melhor que o McLaren de Senna. Interessante, nunca ninguém falar disto…
Em 1994, o que parecia ser o ano do tetra de Senna, pois finalmente conseguiu o tão almejado lugar na Williams, logo quando chega lá, a equipa britânica, sem a suspensão activa, controle de tracção, brake and fly by wire, caixa automática e afins (tudo banido para essa temporada), deixou de ser o “carro do outro planeta” e passou a ser um carro nervoso, arisco, imprevisível, mas ainda rápido e com possibilidade de lutar por vitórias.
Até meio do ano de 1994, o Williams era inferior em termos de chassis ao Benetton-Ford de Schumacher. Senna, como sempre, no braço alcançou 3 poles nas 3 primeiras provas. Curioso que após a morte de Senna, na 3ª corrido do ano em Imola, só aí Schumacher conquista a 1ª pole da carreira, no Mónaco.
A partir daí, conquista várias poles nessa temporada e durante toda a carreira, tornando-se recordista, até Hamilton o ter batido há uns atrás, mas competindo sempre em equipas de alto nível por 15 anos (na sua 1ª passagem pela F1), contra os 10 de carreira de Ayrton…
Já li e ouvi comentários surreais como Schumacher estava a trucidar Senna, que o brasileiro já não tinha ritmo para o alemão, que Ayrton teve o acidente mortal em Imola porque a pressão de Schummy era muita, tudo estupidez.
Primeiro, porque no Brasil, Senna aguentou a liderança até às primeiras paragens para troca de pneus e reabastecimento ( que tinha voltado em 1994). Mas a Benetton, já trapaceando, tinha retirado uma das válvulas de segurança da mangueira de combustível, com isso conseguindo um fluxo do mesmo mais rápido que os seus adversários e por inerência um reabastecimento mais veloz.
Com tudo isto Schumacher sai à frente de Senna das paragens das boxes e com um carro muito mais fácil de guiar, com melhor acerto, melhor chassis, foi embora do brasileiro, até que na 2ª parte da corrida, Ayrton espremendo tudo que tinha do Williams, foi começando a encurtar a vantagem para o alemão, nunca saberemos se o iria alcançar, pois Senna despistou-se na curva da Junção, deixou o carro ir abaixo e ficou fora de prova.
Para terem uma ideia de que só Senna conseguia acompanhar Schumacher e o seu Benetton, Damon Hill, colega de equipa de Senna, ficou em 2º na prova, mas a uma volta do alemão…
Em Aida, na 2ª corrida da época, Senna faz novamente a pole, mas foi batido sem hipóteses por Schumacher no arranque e depois, posto fora de prova por Mika Hakkinen, logo na curva 1.
Começou aqui a suspeita de que a Benetton teria um controle de tração (todos os dispositivos eletrónicos de ajuda à pilotagem tinham sido proibidos para 1994). Nunca ninguém conseguiu provar, mas também em entrevistas com engenheiros que trabalharam nessa altura na Benetton, muitos não o negaram categoricamente.
E depois acontece Imola. Senna consegue mais uma suada pole, o carro continuava muito instável, arisco, imprevisível, difícil de guiar, sobretudo numa pista ondulada como Imola. Na corrida, o brasileiro quando teve o seu acidente fatal, liderava com curta margem para Schumacher. Já muito se escreveu sobre a causa do acidente.
Segundo o tribunal italiano, foi por causa da quebra da coluna da direção. Mas engenheiros, jornalistas e ex pilotos de F1, apontam para duas situações. Uma, em que o carro batia demasiado no chão, no piso muito ondulado de Imola, o que fez com que Senna perdesse o controlo do carro a mais de 300kph, na curva Tamburello.
Outra, que a direção hidráulica (assistida) da Williams, tinha tido uma avaria em plena Tamburello a mais de 300kph, ficando a direção subitamente muito rígida, dura, surpreendendo Senna e não lhe dando tempo para fazer as necessárias correções, pois ia a mais de 300kph, numa curva em que praticamente não havia escapatória, era um bocadinho de relva, logo a seguir muro e o resto todos sabemos o que aconteceu…
Porque eu acho então que Senna foi o melhor piloto que já vi a pilotar um F1 ?
Primeiro, porque nunca vi ninguém a superiorizar-se tanto ao carro que tinha, alcançando poles e vitórias quando não tinha equipamento para tal. Só encontro Fernando Alonso nessa mesma linha, quando tinha um Ferrari inferior ao Red Bull de Vettel e em 2 dos 4 títulos do alemão, levou a decisão dos mesmos até à última corrida.
Senna em 1985, 1986, 1987, 1992 e 1993, não tinha o melhor carro, mas conseguiu poles, vitórias e pódios. Em 1986 esteve até tarde na discussão do título.
Bateu os seus colegas de equipa, inclusive Prost. Quando se estreou na F1 e durante a sua carreira, teve como adversários campeões do mundo, tais como Niki Lauda, Keke Rosberg, Nélson Piquet, Alain Prost, Nigel Mansell, Michael Schumacher, Damon Hill e Maika Hakkinen.
Outros excelentes pilotos, vencedores de corridas e indo muitas vezes ao pódio, como Michele Alboreto, Riccardo Patrese, Alessandro Nannini, Gerhard Berger, Rene Arnoux, Elio di Angelis, Thierry Boutsen, alguns foram colegas de equipa e rivais de Senna.
Ayrton correu numa época (até 1990), em que os carros tinham caixa manual de 6 velocidades, em H, sem direção assistida, sem controle de tracção, brake ou fly by wire, sem suspensão ativa, sem caixa automática, pistas com poucas ou nenhumas escapatórias, motores muito potentes e com uma disponibilidade de potência brutal, violenta, dura, como os motores de turbo de meados dos anos oitenta, com 1500 cv, em modo de qualificação.
Mesmo nos anos em que teve carro para lutar pelo título, na sua carreira de 10 anos, teve-o em 4 deles. Só em 1988 e em 1989 teve um carro dominador, mas vou-me repetir, porque é importante este ponto, teve como colega de equipa Alain Prost…
Em 1990 e sobretudo em 1991, não tinha o melhor carro, tinha carro obviamente para lutar por vitórias e títulos, mas o melhor em 1990 era o Ferrari, em 1991 o Williams era o melhor, de longe.
Senna teve atitudes erradas em pista e fora dela, como ter posto fora de prova Prost em Suzuka a quase 300kph logo após o arranque, ou ter vetado Derek Warwick como colega de equipa para 1986 na Lotus, com isso destruindo a carreira do inglês, em termos do mesmo nunca mais ter tido oportunidade de guiar por uma equipa de topo.
Mas aqui não foi por medo de Warwick, de todo. Foi, porque a Lotus na altura, não não tinha capacidade técnica e financeira para ter dois pilotos nº1 e com todas as despesas técnicas, de força humana e de estrutura que isso acarreta, sobretudo numa equipa que não nadava em dinheiro.
Mas Senna também não era o diabo. Schumacher em comparação, tem muitos mais esqueletos no armário. Pôs fora de prova e impediu Hill de ser campeão em 1994 em Adelaide. Tentou, sem sucesso, fazer o mesmo a Villeneuve em 1997. Estacionou o carro na Rascasse no Mónaco em 2006, com isso impedindo os outros de melhorarem o seu tempo (Senna também o fez, doutra forma, mas com o mesmo objectivo em 1985).
Schummy nunca aceitou ter um colega de equipa que potencialmente lhe pudesse fazer frente, por isso teve Martin Brundle, JJ Lehto, Jos Verstappen (sim, o pai de Max…) Johhny Herbert, Eddie Irvine, Rubens Barrichello e Felipe Massa (estou a considerar apenas a 1ª passagem do alemão pela F1).
Schummy também atirou um adversário contra o muro em plena reta da meta, no caso Barrichello na Hungria em 2010. Andou a serpentear e mudar várias vezes de direcção, à frente de Hill e Hakkinen, em Spa na reta Kemmel, a mais de 300kph.
Por tudo o que escrevi, considero Senna o melhor piloto, desde que assisto a F1. Nunca vi ninguém tão rápido, espetacular, combativo, carismático, eletrizante, apaixonante, agressivo, emocionante, que conectasse com fãs de todo o mundo como ele fez e já cá não estando há muito tempo ainda faz. Aliás, acho que nenhum piloto teve uma legião adeptos como Ayrton teve.
Por isso, mesmo quem não o viu a correr, ainda hoje, passados quase 27 anos da sua morte, muitos pilotos de F1 da actualidade, como Pierre Gasly por exemplo, entre outros, consideram Senna o seu ídolo.
#sennasempre
O Senna na minha opinião terá sido um dos melhores pilotos de todos os tempos senão mesmo o melhor piloto, conseguia perceber qual dos pneus estava com mais ou menos pressão ao fazer um ensaio de estrada.
Tinha uma sensibilidade para “afinar” um veículo que nunca tinha visto, era o nosso ídolo.
Fez algumas filmagens em Portugal na Arrábida com o modelo da Honda Prelude ( não comercializado em Portugal) , foi um espectáculo.
A Formula 1 nunca mais foi igual.
Na média (que é o que importa), Senna não aparece nem em quinto lugar!
Adorava jogar o carro para cima dos demais e andar fora do traçado!
Tanto foi que acho um muro pela frente!