Pegar ou largar !
Quando e se o Mundial de F1 começar, esperemos muito que sim pois seria um sinal do regresso das nossas vidas à normalidade, para algumas equipas vai ser uma temporada de pegar ou largar e não, não me estou a referir às “três grandes” Mercedes, Ferrari e Red Bull, mas sim a Renault, Haas, Williams e “Alfa Romeo”.
Cada uma, pelos mais diversos motivos, vem de uma época(s) negativas. No caso da Williams, vem de duas temporadas em que se houvesse rebaixamento de equipas na F1, a Williams já estaria na F3…
A Renault, sendo um dos maiores construtores do mundo, com um orçamento de equipa de fábrica, ex campeã do mundo de pilotos e de construtores, múltiplos vencedores de corridas, com um palmarés de respeito, teve uma temporada de 2019 muito negativa.
Apesar de terem sido quintos na tabela classificativa no ano transacto, uma formação com os pergaminhos e objectivos da Renault, devia no mínimo ter alcançado o quarto lugar no campeonato e não estar ainda na última prova a discutir a quinta posição final na pontuação com a Toro Rosso.
Inacreditavelmente, o chefe de equipa da Renault, Cyril Abiteboul (o antigo homem do twitter da esquadra francesa..) depois de um péssimo trabalho no ano passado, é premiado com a continuidade ao leme da escuderia gaulesa. Houve uma reformulação do departamento técnico, e bem, pois o chassis da Renault foi um falhanço na época transacta. Os motores até evoluíram, tanto em potência como em fiabilidade, apesar de esta última ainda não estar ao nível dos motores da Mercedes e da Ferrari.
Com uma dupla de pilotos para este ano fortíssima, com o vencedor de Grandes Prémios, o australiano Daniel Ricciardo e o regressado à F1, o francês Esteban Ocon (a Renault volta a ter um gaulês nas suas fileiras), espera-se que a equipa anglo-francesa (anglo porque a parte de tudo o que não envolve os motores está sediada em Enstone, Inglaterra, sendo as unidades motrizes construídas em Viry-Chatillon, França) termine pelo menos em quarto lugar.
Também se prevê que possa estar em posição de poder beneficiar se caso algo de “anormal” aconteça aos pilotos da Mercedes, Ferrari e Red Bull e quem sabe alcançar um pódio.
No que toca à “Alfa Romeo” (coloco aspas porque como já escrevi num artigo anterior, a Alfa Romeo é apenas o patrocinador principal da Sauber, não traz qualquer acrescento técnico à equipa, os motores são Ferrari ), esta vem de um ano passado em que começou muito bem, mas depois estagnou e regrediu.
Houve até rumores de que o grupo FIAT (proprietário da Alfa Romeo) ia tirar o apoio à equipa, se esta voltasse a ter uma má época esta temporada. Por isso, a equipa suíça, terá este ano de pelo menos andar a lutar constantemente por pontos e estar na “guerra” pelo quinto ou sexto lugar entre os construtores.
Com uma dupla de veterania e de alguma juventude, mas um duo que não encanta, pois Kimi Raikkonen está talvez o seu último ano de F1, a sua motivação já não pode ser a mesma, ele que nunca pareceu ser um piloto uma época inteira motivado durante a sua já muito longa carreira, apesar de aqui e ali ainda mostrar o talento imenso que lhe valeu um título mundial e muitos anos a ser protagonista na luta por vitórias e pódios.
O outro piloto da “Alfa Romeo”, o italiano Antonio Giovinazzi ( um dos exemplos das condições do contrato de patrocínio da Alfa Romeo é a Ferrari colocar lá a rodar um dos seus pilotos, em 2018 foi Charles Leclerc. ), na minha opinião ainda não mostrou nada de “encher o olho”.
Cometeu demasiados erros, não impressionou, apesar de ter terminado a época em termos de andamento a par com Raikkonen. Claramente tem de bater o seu veterano colega de equipa este ano e conseguir pontos regularmente, se o carro o permitir também, claro.
Na norte-americana Haas, o seu dono Gene Haas, já afirmou peremptoriamente que se a equipa não mostrar serviço logo nas primeiras corridas, equacionará fechar a torneira no final da época. Não podia ser mais “cortante” a sua afirmação e a pressão é enorme na equipa liderada pela personagem sucesso do documentário da Netflix “Drive to Survive”, o austríaco Guenther Steiner.
Depois de estar sempre em crescendo desde que se estreou na F1 em 2016, alcançando um excelente quinto lugar entre os construtores em 2018, quase batendo a toda poderosa Renault, no ano passado a Haas foi apenas a penúltima entre 10 equipas.
Foi uma época péssima, não conseguiram desenvolver o carro, andaram completamente perdidos tecnicamente, com muitos erros dos seus erráticos pilotos, sobretudo Romain Grosjean e em menos escala, mas também, Kevin Magnussen.
Mas tal como no caso da Renault, com a injustificável continuidade de Cyril Abiteboul ao leme da equipa francesa, depois de um fraco 2019, também na Haas renovou com os seus dois pilotos, quando pelo menos um deles, o que erra mais que é Grosjean, deveria ter saído, dando lugar a outro que merecia uma chance ou de permanecer (Nico Hulkenberg) ou estrear-se na F1…
Por último, a outrora gigante Williams. Pior que a temporada passada dificilmente vejo a acontecer. Acho que não vale a pensa dissecar a horrenda época anterior da Williams, já depois de uma péssima jornada de 2018. A única coisa positiva de 2019 foi de facto o seu piloto George Russel.
O inglês mostrou uma maturidade, dedicação, garra, rapidez, competência num quadro tão difícil, que é estrear-se na pior equipa do pelotão, em queda livre, sem rumo e sem esperança. Mas isso foi no ano passado.
Esta época pior não será. Também seria difícil. Neste momento, após os testes de Barcelona, os sinais apontam que a Williams reduziu a diferença consideravelmente para o pelotão intermediário. Poderá estar a par da Haas e próxima da Alfa Romeo, o que não abona nada a favor destas duas equipas…
Com o talento enorme de Russel, a Williams poderá acalentar a chegar ao Q2 e quem sabe com os astros alinhados, estar em posição de beneficiar de um dia mau das equipas que estão à sua frente e conseguir um ou outro ponto. Já seria bom perante o que foram as últimas duas épocas…