Francisco Romãozinho, obrigado

O meu primeiro contacto com este grande piloto nacional foi um poster antigo do meu pai, onde se via um enorme Citroën DS a voar. Se ainda hoje fico encantado, com 13 anos fiquei sem reacção. Rapidamente iniciei uma forte pesquisa sobre que carro era aquele, e a pessoa que o conduzia.

Rali Internacional TAP 1973, Troço de Quiaios (Figueira da Foz).
Obteve o 3º lugar no Rali, ficando na frente de carros como o Porsche 911 Carrera RS de Américo Nunes.

O piloto português Francisco Romãozinho está na minha lista de pilotos favoritos. Em grande parte deve-se ao facto de numa altura em que competiam carros como o Renault Alpine A110, Fiat 124 Abarth ou até o Porsche 911 Carrera RS, Romãozinho entrou com o Citroën DS num rali. Um carro familiar de cinco lugares, com nenhuma proposta desportiva, e que mesmo assim conseguia lutar pelo pódio.

Foi o primeiro piloto nacional a competir oficialmente por uma marca, no caso a Citroën. Em 1969, logo no primeiro ano a correr pela marca francesa, conseguiu alcançar a primeira posição do Rali TAP, com o famoso “Boca de Sapo”, Citroën DS 20.

A Super Especial de Alvalade – Rali TAP 1969

Chegou a correr de forma independente em Espanha com o seu Mini Cooper 1300, obtendo o 2º lugar no Rali Rias Baixas em 1968 e o 5º lugar no ano seguinte.

Mas foi ao volante da Citroën, que Francisco Romãozinho se destacou, chegando a participar no Rali de Monte Carlo em 1972 ficando no 19º lugar da geral, ou no Rali de Marrocos 1971, que teve de abandonar por causa de uma avaria mecânica – a junta da cabeça queimada. Conduziu ainda vários modelos da marca francesa como o icónico Citroën DS Proto, ou o Citroën cx 2400 GTI.

Citroën DS Proto
Citroën cx 2400 GTI

A sua vida enquanto piloto foi sempre paralela com a de empresário, tendo sido o responsável pela entrada das marcas Fiat e Skoda em Portugal. Nunca abandonou realmente o desporto motorizado. Durante os anos 80, participou em diversos ralis, como o do Algarve ao volante de um Citroën Visa Super X, ou em provas desportivas de Autocross, na cidade de Abrantes. A última prova em que participou oficialmente foi nas 24 horas de Fronteira, ao volante de uma Nissan Navara. Contou em entrevista ao InvestInAngra que só desistiu porque o carro assim o quis, “Desisti à 22ª hora, quando tinha passado de sétimo para terceiro porque o motor do carro caiu”.

Obrigado por todas as boas memórias e histórias que deixou ao volante, que para nós – apaixonados por carros – fazem tanto sentido.

Obrigado Francisco Romãozinho pelo legado dentro e fora das pistas.