Mazda3 agora com sistema “mild-hybrid” – valerá a pena?

A Mazda vem agora introduzir o seu novo sistema de “mild-hybrid” ao Mazda3 Hatchback e introduziram ainda uma nova versão!

Esta semana tivemos oportunidade de experimentar o novo Mazda3 Hatchback que vem agora com auxílio da tecnologia mild-hybrid reduzir ainda mais os consumos da já extremamente eficiente plataforma Skyactiv, que passa agora a chamar-se Skyactiv-G. 

Com este novo sistema mild-hybrid de 24V, o bloco de 4 cilindros atmosférico, com uma capacidade de 2L, vem agora baixar ainda mais os consumos que já oferecia antes, poluindo menos e com um sistema de start and stop mais eficiente.

Para acompanhar esta nova tecnologia, vem também a nova versão do modelo, Homura, que se destaca pela cor chamada Polymetal Grey, em conjunto com acabamentos como o spoiler traseiro e as jantes de 18 polegadas em cor preta sendo este o modelo que testámos. Além disto, o Mazda3 Hatchback pode agora ser opcionado com uma nova cor, denominada Platinum Quartz.

Como são os consumos do Mazda3?

Quando a maior parte das pessoas ouve falar num motor de 2L a gasolina fica automaticamente assustada por causa dos consumos. Um motor que nos tempos do antigamente gastaria facilmente acima dos 10 L/100 Kms (falando por experiência própria, enquanto dono de um Nissan Primera eGT com um motor de 4 cilindros com 2L e 150 cavalos, tal como o Mazda3), hoje em dia, depois de muita tecnologia com o sistema SkyActiv da Mazda, em conjunção com o sistema de desativação de cilindros e agora com o sistema mild-hybrid faz com que seja um carro bastante económico.

Desta forma, os consumos que este carro me apresentou foram surpreendentes em todos os aspectos e circunstâncias – na cidade, consegui obter consumos na casa dos 7 L/100 Kms mas foi em estrada aberta que mais me surpreendeu, com consumos já na casa dos 6L, chegando mesmo aos 5L em estrada nacional!

Estes consumos foram feitos na minha utilização normal de um automóvel e na mesma utilização que seria de esperar do normal consumidor de um Mazda3 – um misto de trânsito citadino com auto-estrada, em dias de maior calor e com o ar condicionado ligado no máximo. 

Impressionante como com toda esta tecnologia, em conjunção com um sistema eletrificado, conseguimos tirar o maior proveito de um motor a gasolina de grande capacidade sem os consumos que tipicamente estavam associados a este tipo de plataformas. 

O sistema mild-hybrid permite assim ao motor estar menos em esforço e gastar menos nestas situações, ajudando com as acelerações e com os arranques, particularmente no pára-arranca. 

O estigma das marcas orientais

Por falar em estigmas, temos de falar sobre o estigma que as marcas orientais sofreram durante anos e que agora começa a dissipar. 

A Mazda, entre outras marcas, têm talvez ainda uma reputação de produtos de qualidade inferior, baratos e pouco fiáveis. Esta reputação não se criou do nada e vem de uma altura em que de facto, os carros produzidos por esta marca ainda eram vocacionados mais para o mercado Oriental, que tinham prioridades diferentes do mercado europeu. 

No entanto, ao longo dos anos, a Mazda tem vindo a “europeizar” os seus modelos e o Mazda3 não é exceção. E nota-se. E se o objetivo da marca é combater o estigma que foi criado, está a resultar. 

Neste segmento de mercado, a este preço, a qualidade de construção e dos materiais usados é muito mas muito superior àquela que seria de esperar, verdadeiramente surpreendente. 

E penso que isto se reflete no tipo de cliente que a Mazda pretende agradar – é o cliente que não está necessariamente à procura apenas do emblema na frente do capot mas sim da compra racional, a compra pensada e financeiramente vantajosa. O produto que ofereça maior preço-qualidade e não necessariamente apenas a marca por reputação.

O exterior do Mazda3

Apesar de não mudar muito face à geração anterior, a versão que experimentamos é uma edição especial chamada Homura, que inclui entre outras coisas, a cor cinzenta escura chamada Platinum Quartz e as jantes especiais pretas de 18 polegadas que dão a este carro um aspecto muito característico. 

O Mazda3 Hatchback tem uma linguagem de design baseada na filosofia Kodo o que faz com que seja um carro muito apelativo. Ao mesmo tempo que tem um formato mais redondo, quase corcunda, complementa este aspeto com uma frente mais agressiva, de contornos mais afiados e com uma grelha que vira muitas cabeças. Esta filosofia de design proporciona maior simplicidade no design exterior e vemos o resultado disso no Mazda3, com linhas simples mas com muito impacto. 

A traseira do Mazda3 Hatchback é complementada com uns faróis com a nova tecnologia LED da Mazda e um pequeno spoiler em preto que se destaca muito bem e acaba por dar um ar mais desportivo a um carro que à partida passaria despercebido. 

O interior premium

Para mim, o interior é a jóia da coroa deste carro. É aqui que a elevada qualidade de construção e de materiais da Mazda mais se destaca e é aqui que assim que entramos temos um feeling premium que à partida não estaríamos à espera de um carro deste segmento. 

Esta versão vem equipada com bancos de laterais em pele, com um pesponto vermelho, extremamente confortáveis, com vários níveis de ajuste, montados bastante baixos nas calhas e que fazem o condutor sentir-se perfeitamente unido com o carro. 

Além da pele nos bancos, a tendência dos materiais de elevada qualidade continua para o resto do carro, em que não encontramos em lado algum plásticos duros, só aborrachados e a pele novamente tanto no volante como na manete de velocidades.

Algo de destaque que reparei foi também a colocação dos instrumentos e da coluna de direção em posições de destaque para o condutor, com todos os instrumentos ligeiramente virados na direção de quem está ao volante e que faz com que seja para esta pessoa um sítio muito focado em si. 

Em complemento a esta característica, a manete de velocidades está colocada numa posição muito intuitiva de se usar, apenas a um palmo de distância do volante e que torna o acto de meter uma mudança algo rápido e eficiente. 

Sendo um carro utilitário, não poderiam deixar de estar presentes os múltiplos e amplos arrumos, tanto na enorme consola central com parcelas para criar divisões, nos bolsos das portas, embaixo do painel central e até uma pequena gaveta junto do joelho esquerdo do condutor para artigos de menor dimensão. 

A tecnologia mais recente

Achei o sistema de infotainment da Mazda extremamente intuitivo de se utilizar. Para quem nunca tinha tido contacto com este sistema foi muito fácil e rápido de fazer a integração com o meu telefone Samsung e tanto o microfone como o sistema de som têm uma alta qualidade. Fiquei ainda surpreendido por encontrar um carregador sem fios para o meu telefone na consola central.

Os menus são facilmente navegáveis com utilização da roda central que os controla, mesmo atrás da manete de mudanças e o GPS tem uma utilização fácil. 

O sistema pode ainda ser totalmente controlado pelo voice control da Mazda que surpreendentemente percebeu todos os comandos fornecidos à primeira, sem ter de aprender a minha voz. 

Continuamos a ter botões físicos para a climatização o que, na minha perspetiva, é um ponto muito positivo face a outras marcas que têm vindo a introduzir o controlo da climatização no sistema de infotainment o que torna a sua utilização algo difícil e confusa. 

De destaque ainda, o sistema de heads up display que encontramos projetado no vidro em frente ao condutor e que dá bastante informação útil acerca da condução, como o limite de velocidade da estrada em que estamos, a velocidade a que vamos, a rádio e as marcações da faixa de rodagem.

Os pontos fracos do Mazda3

Apesar de ser uma opção que alguns clientes prefiram, o quadrante analógico pareceu-me um pouco básico, com pouca informação disponível no computador de bordo e pouca customização da informação que aparece. Face a outros concorrentes no setor, fica a pedir um quadrante totalmente digital ou pelo menos mais customizável. 

No seguimento deste ponto, apesar do sistema de infotainment ter Android Auto e Apple CarPlay, fica a faltar a integração destes sistemas sem fios, sendo apenas feita por cabo. 

A outra falha que gostaria de apontar é relativa a esse mesmo cabo, numa altura em que praticamente todos os dispositivos móveis já fazem uso de USB-C, não encontrei no Mazda3 uma entrada USB-C, apenas USB normal, o que fez com que tivesse de recorrer a um adaptador para ligar o meu telefone ao carro. 

Apesar de vir equipado com uma câmara traseira de estacionamento, devido aos pilares muito grossos e uma cabine com pouca visibilidade, achei o estacionamento em espaços apertados algo difícil por não conseguir ver bem as dimensões do carro e a câmara 360º da versão seguinte é algo que ajudará certamente nesta questão.

Por fim, apesar de ter cruise-control adaptativo, que mantém a distância ao carro da frente, foi com alguma pena que constatei a falta do sistema de lane keeping assist, que é um sistema muito útil que mantém o carro na faixa de rodagem e permite que se faça viagens mais longas com ainda menos trabalho por parte do computador.

A condução dinâmica do Mazda3

O Mazda3 Hatchback é um carro confortável, dinâmico e divertido de se conduzir. Não é um carro com uma componente desportiva em grande destaque mas que apesar de tudo, nas estradas secundárias que tive oportunidade de experimentar, tem uma traseira que roda muito bem para as curvas e uma direção surpreendentemente direta e rápida que disfarça bem o peso do carro. 

A caixa de velocidades está desenhada para ser o mais eficiente possível de forma a auxiliar com os consumos e de um ponto de vista de desportividade, deixa muito a desejar, sendo muito longa nas suas relações e não se proporcionando a uma condução divertida, sendo necessário chegar muito acima da banda de rotações para chegar à potência desejável.

É na auto-estrada que na minha opinião o Mazda3 mais se destaca, com um excelente isolamento de som e de barulhos do exterior, uma suspensão feita para viagens que faz com que uma viagem mais longa seja feita sem qualquer desconforto. 

Como são os preços do Mazda3?

O Mazda3 começa na sua versão Evolve com um custo de cerca de 26.000€ e pode chegar aos 42.000€ na versão Excellence mais equipada. A versão Homura em concreto que testámos tem um custo de 33.000€. 

Qual é o veredito?

O Mazda3 é uma excelente opção para o tipo de cliente que procura uma compra inteligente. Para o cliente que procura uma boa relação qualidade-preço e que não está tão preocupado com o emblema na frente do carro e com a reputação da marca. Para o tipo de pessoa que queira um carro que faça de tudo um pouco e bem. 

Não é o carro mais fácil de levar crianças por ter uns bancos de trás fundos e com as janelas muito em cima, tornando o espaço um pouco sombrio mas ainda assim fará esta função sem grandes problemas. 

É um carro que é divertido ao fim de semana nas estradas secundárias mas que ao mesmo tempo fará a viagem de férias no maior conforto e comodidade. 

Na semana que experimentei este carro tive várias pessoas a fazerem questões sobre os consumos e sem falha ficaram surpreendidas ao verem os valores marcados no computador de bordo!